Empresas que aderem à economia circular têm preferência de mais de 60% dos consumidores
Por admin | | 15 de setembro de 2021Iniciado nos anos 60, o conceito de economia circular surgiu quando a sociedade começou a ser mais consciente com relação aos aspectos ambientais e de recursos naturais. Quem por exemplo não se lembra dos famosos três Rs: Reutilizar, Reciclar e Reduzir. Com a introdução deste conceito, passou-se a estar mais consciente de que os recursos naturais são finitos.
Quando a gente olha num contexto mais amplo, observamos crescimento da população e um crescimento da economia global numa velocidade bem maior do que a gente tem conseguido crescer a disponibilidade de recursos naturais. Então há um desbalanceamento que traz atenção dando duas estatísticas para ilustrar isso: é esperado que por volta de 2030 haja adição de 2,5 bilhões de novos consumidores na classe média, e se nada for feito, é esperado que por volta de 2050 a raça humana consuma o equivalente a três planetas Terra em um ano. Em suma: se a gente continuar consumindo no ritmo atual, não haverá planeta para atender a toda essa demanda. É nesse contexto de aumento do consumo que a economia circular ganha cada vez mais relevância
Mas como acontece hoje? Atualmente, é muito comum se ver o modelo linear, onde extraímos recursos naturais, transformamos, consumimos e aí descartamos. Esse é um pensamento muito linear, que precisa ser mudado para o modelo circular, onde tudo que aquilo que a gente extrai de alguma forma volta, e para que isso seja possível, os três Rs foram criados. Precisamos fazer com que essa reutilização, esse reuso e redução ocorra no ciclo inteiro para que a usemos menos e façamos um ciclo fechado dos nossos recursos.
E por que as empresas deveriam se importar mais com este assunto? Alguns fenômenos favorecem este processo para a sociedade que está mudando, e vamos pegar um exemplo das mídias sociais. As mídias sociais hoje estão funcionando quase como um fiscal de hábitos de consumo. Para os jovens, hoje você ter um hábito de consumo não-sustentável não é legal e isso acaba criando uma mudança de hábitos no consumidor, pois as pessoas estão cada vez mais conscientes que não dá pra simplesmente jogar fora tudo; precisa reutilizar, precisa reciclar. Então essa mudança de hábitos do consumidor tá causando uma mudança de hábitos da indústria também, em um efeito cascata.
Para as indústrias, fornecer produtos sustentáveis se tornou um desafio que impactam na cadeia de consumo. Por exemplo, a sucata: o consumo de sucata nos últimos cinco anos aumentou em 50% e é um ótimo exemplo de como se trabalha a reutilização. Outro exemplo recente é a indústria petroquímica global, que se reuniu em janeiro deste ano para criar uma aliança para a redução de resíduos plásticos no mundo, e este é um um grupo que está investindo bilhões para justamente achar soluções e compartilhar soluções de redução de resíduos plásticos no mundo. Essas mudanças de hábito nas indústrias começam a ser sentidas pelos consumidores em algumas estatísticas: 62% dos consumidores recentemente comentaram que eles pagariam mais caro, mesmo por um produto sustentável. Outra estatística a ser levada em conta é que 41% dos consumidores consideram que a embalagem ser sustentável é um critério chave na decisão de compra daquele produto. Ou seja, esses hábitos estão sendo refletidos nas decisões de consumo das pessoas.
Há exemplos de empresas que produzem plásticos compostáveis a partir da reutilização de lixo, de alimentação e de bioprodutos da agricultura, desenvolvendo um plástico especial que tem um aditivo químico que facilita a sua separação e posterior reciclagem.
Em resumo, eis diante de nossos olhos uma oportunidade para que empresas atendam um novo mercado, e as que estiverem preparadas conquistarão mais consumidores. A estimativa de eliminar o desperdício por meio da economia circular trará oportunidades da ordem de quatro trilhões e meio de dólares ao mercado, aproveitando este ciclo de mudança da mentalidade de consumidores e empresas num processo que não tem mais retorno, e que afetará não apenas a camada de negócios, mas também nas artes, esportes e entretenimento. Um exemplo disso pôde ser visto nas últimas olimpíadas em Tóquio, onde todas as medalhas foram produzidas a partir de reciclagem de lixo eletrônico: para ser mais preciso, 6,1 milhões de celulares e 68 mil toneladas de lixo foram reutilizados para a produção de medalhas de ouro, prata e bronze.